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Apresentámos um conjunto de esculturas, estruturas efémeras e vídeos em diálogo com a coleção permanente do Museu do Côa e o seu espaço exterior.
Os trabalhos em exposição, foram pensados na dupla perspectiva de serem objectos funcionais e estéticos. Nuns casos são estruturas de navegação, noutros plataformas para captação de som e imagem, e outros ainda foram concebidos como esculturas e instrumentos improvisados.
Esta exposição foi desenvolvida e criada para o Fórum Antropocénico 2021, no âmbito da Presidência Portuguesa da Comissão Europeia.
+ info:
anthropoceneforum.ciuhct.org/
[ FOLHA DE SALA ]
NÃO É NADA É ISTO TUDO
Apresentamos um conjunto de plataformas, esculturas e estruturas efémeras disseminadas pela exposição do Museu do Côa e o seu jardim, que resultaram de um conjunto de residências artísticas que antecederam esta exposição:
Coletivo OSSO — Lagoa de Óbidos
23 Milhas — Ria de Aveiro
Casa dos Primos / Museu do Côa — Rio Côa
Casa da Ti Cura — Rio Angueira
Estes trabalhos foram desenvolvidos para potenciar uma relação directa com a água e pensados na dupla perspectiva de serem objectos funcionais e estéticos. Nuns casos são estruturas de navegação, noutros plataformas para captação de som e imagem, e outros ainda foram concebidos como esculturas e instrumentos improvisados, criando um diálogo com estes rios, as suas margens e o movimento da água.
É entre estas dimensões aparentemente opostas — o funcional e o experimental, o mapeamento e o jogo, a ética e a estética, o utópico e o distópico — que reside parte do nosso questionamento enquanto coletivo, relativamente à forma como a sociedade tem vindo a instrumentalizar o mundo natural, em particular os rios e toda a vida mais-do-que-humana que subsiste em seu redor.
A descoberta das gravuras evitou a construção da barragem do Côa, permitindo que este rio e esta paisagem não fossem submersos, muito graças a um movimento de resistência política que uniu estudantes, arqueólogos, guras públicas e cidadãos. Ao olharmos para o interior do país e para os nossos rios, facilmente constatamos que aqui no Côa se concretizou uma excepção. Uma excepção motivada por um vestígio antrópico, não bastando o valor intrínseco de um rio.
Importa então, que se faça justiça tanto ao particular como ao todo, gerando leituras transversais, abertas e inclusivas, propondo realidades de relação, cuidado e apoio mútuo.
A obra de maior dimensão desta exposição, a jangada presente no jardim, transporta-nos para muitas referências literárias associadas ao ócio e ao prazer, à vida lá fora, fora das instituições de controlo e do tempo linear (Tom Sawyer e Huckleberry Finn), mas também para um certo escapismo que nos evoca para realidades futuristas e experimentais, como no lme Flotten (2018) de Marcus Lindeen.
O título da jangada “É mais fácil imaginar o apocalipse” — parafraseia em certa medida a pergunta que Naomi Klein nos faz a todos:
Podemos imaginar outra maneira de responder à crise, que não seja o agravamento das desigualdades sociais, as consequências nefastas do capitalismo e as soluções tecnológicas de curto prazo?
À qual T. J. Demos responde:
Nesse caso, será necessário um imenso projeto de pensamento e prática imaginativos para resgatar a natureza do controle corporativo, da financeirização e das explorações de propriedade do capitalismo biogenético.