Para esta residência de investigação, fomos recebidos nas instalações da OSSO — Associação cultural.
Dada a localização deste espaço de residências, tivemos a possibilidade de contactar com duas áreas distintas: por um lado as ribeiras do oeste e a lagoa de Óbidos, por outro o maciço calcário estremenho que engloba a Serra de Aire, o planalto de Santo António e de São Mamede e a serra dos Candeeiros. Este maciço é já parte integrante da bacia hidrográfica do rio Tejo.
A região das ribeiras do oeste, que administrativamente são tratadas como uma bacia hidrográfica, é conhecida pela fertilidade dos seus solos e onde estão localizados um grande número de pomares de maçã e pêra rocha, culturas que vieram substituir as antigas vinhas que predominavam na região. Conhecemos a Sra. Esperança e o seu pai, ambos proprietários e produtores de maçã e pêra da região, os quais nos elucidaram sobre as vicissitudes deste mercado, a escassez de mão de obra, a forma de conservação dos frutos ou o que acontece à fruta fora de calibre ou já estragada.
Na Lagoa de Óbidos contactamos com pescadores e mariscadores, bem como com o José Alberto, consultor ambiental e habitante da Lagoa de Óbidos. Dada a operação de dragagens que então decorria, o tópico principal das nossas conversas não podia ser outro, uma vez que o projecto de remoção de sedimentos do fundo desta lagoa foi polémico desde o seu início até ao seu fim.
Já no maciço calcário da serra de Aire e Candeeiros visitámos a nascente do rio Alviela que no passado constitui a principal fonte de abastecimento de água a Lisboa, percebemos a dinâmica do polje conhecido como mar de Minde, bem como as técnicas e estratégias de recolecção e armazenamento de água utilizadas na serra, uma vez que este sistema rochoso calcário é extremamente poroso e a retenção da água para uso humano extremamente desafiante, mesmo sendo esta região serrana uma das maiores reservas de água de Portugal.
Olhámos também para as rochas que guardam as pegadas dos dinossauros, estrelas do mar e outros equinodermes jurássicos em diversas pedreiras da serra já desactivadas e entrámos dentro da terra na gruta de Santo António, a primeira a ser explorada em Portugal e que possui uma das maiores cavidades da península ibérica em termos de volume total.
Por último, visitámos uma fábrica de transformação de blocos calcários e percebemos as dinâmicas dos mercados globais de extracção de calcário, os seus diversos sub-produtos e aplicações, e que a China é o maior comprador de pedra da região.